O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), fez ontem um discurso
em tom de desabafo em que criticou a impunidade no Brasil e afirmou que
o "povo não sabe de um décimo do que se passa contra ele" próprio.
"Se não, ia faltar guilhotina para a Bastilha, para cortar a cabeça de
tanta gente que explora esse sofrido povo brasileiro", afirmou.
O tucano fez o discurso no lançamento de um programa estadual que
auxilia prefeituras a disponibilizar portais de acesso a informações
públicas. Começou dizendo que grandes casos de corrupção foram
descobertos por acidente. "O controle é zero."
"O sujeito fica rico, bilionário, com fazenda, indústria, patrimônio e
não acontece nada. E o coitado do honesto é execrado. É desolador."
As críticas de Alckmin foram feitas em frente ao chefe do Ministério
Público de São Paulo, Márcio Elias Rosa, e do corregedor-geral da
Administração do Estado, Gustavo Ungaro, representantes dos dois
principais órgãos paulistas de combate à corrupção.
A situação causou constrangimento entre aliados, já que o tucano não
dirigiu suas críticas a uma esfera específica de Poder nem isentou o
próprio governo dos ataques.
O governador não poupou sequer o programa que estava sendo anunciado.
Criticou as fundações do governo que receberam para desenvolver o
sistema. "Não deviam cobrar nada, isso é obrigação."
Alckmin acusou também a existência de uma "grande combinação" que impede que dados sejam disponibilizados. "Salários, ninguém põe na internet, porque o sindicato pediu liminar. 'Olha eu gostaria de pôr, mas a Justiça proibiu'", ironizou.
Alckmin acusou também a existência de uma "grande combinação" que impede que dados sejam disponibilizados. "Salários, ninguém põe na internet, porque o sindicato pediu liminar. 'Olha eu gostaria de pôr, mas a Justiça proibiu'", ironizou.
O Legislativo de São Paulo, de maioria alckmista, se enquadra no ataque
--não divulga salários por decisão judicial obtida por servidores.
Alckmin criticou ainda a morosidade do Judiciário. "A corrupção, o
paraíso é o Judiciário. Todo mundo diz: 'Na hora que for para Justiça
vai resolver'. Vai levar 20 anos."
O tucano não atendeu a pedido de entrevista e deixou o evento sem comentar a fala.
Folha de São Paulo
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