quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

Um dia de merda

Aeroporto Santos Dumont, 15:30. Senti um pequeno mal estar causado por uma cólica intestinal, mas nada que uma urinada ou uma barrigada não aliviasse. Mas, atrasado para chegar ao ônibus que me levaria para o Galeão, de onde partiria o vôo para Miami, resolvi segurar as pontas. Afinal de contas são só uns 15 minutos de busão." Chegando lá, tenho tempo de sobra para dar aquela mijadinha esperta, tranqüilo ." O avião só sairia as 16:30.

Entrando no ônibus, sem sanitários. Senti a primeira contração e tomei consciência de que minha gravidez fecal chegara ao nono mês e que faria um parto de cócoras assim que entrasse no banheiro do aeroporto. Virei para o meu amigo que me acompanhava e, sutil, falei: "Cara, mal posso esperar para chegar na merda do aeroporto porque preciso largar um barro". Nesse momento, senti um urubu beliscando minha cueca, mas botei a força de vontade para trabalhar e segurei a onda.

O ônibus nem tinha começado a andar quando, para meu desespero, uma voz disse pelo alto falante: "Senhoras e senhores, nossa viagem entre os dois aeroportos levará em torno de 1 hora, devido à obras na pista".

Aí o urubu ficou maluco querendo sair a qualquer custo. Fiz um esforço hercúleo para segurar o trem merda que estava para chegar na estação ânus a qualquer momento. Suava em bicas. Meu amigo percebeu e, como bom amigo que era, aproveitou para tirar um sarro. O alívio provisório veio em forma de bolhas estomacais, indicando que pelo menos por enquanto as coisas tinham se acomodado. Tentava me distrair vendo TV mas só conseguia pensar em um banheiro, não com uma privada, mas com um vaso sanitário tão branco e tão limpo que alguém poderia botar seu almoço nele . E o papel higiênico então: branco e macio, com textura e perfume e, ops, senti um volume almofadado entre meu traseiro e o assento do ônibus e percebi, consternado, que havia cagado. Um cocô sólido e comprido daqueles que dão orgulho de pai ao seu autor. Daqueles que da vontade de ligar pros amigos e parentes e convidá-los a apreciar na privada. Tão perfeita obra, dava pra expor em uma bienal. Mas sem dúvida, a situação tava tensa.

Olhei para o meu amigo, procurando um pouco de solidariedade, e confessei sério: " Cara, caguei." Quando meu amigo parou de rir, uns cinco minutos depois, aconselhou - me a relaxar, pois agora estava tudo sob controle. " Que se dane, me limpo no aeroporto " - pensei. "Pior que isso não fico."

Mal o ônibus entrou em movimento, a cólica recomeçou forte. Arregalei os olhos, segurei-me na cadeira mas não pude evitar, e sem muita cerimônia ou anunciação, veio a segunda leva de merda. Desta vez, como uma pasta morna. Foi merda para tudo que e lado, borrando, esquentando e melando a bunda, cueca, barra da camisa, pernas, panturrilha, calças, meias e pés. E mais uma cólica anunciando mais merda, agora líquida, das que queimam o fiofó do freguês ao sair rumo a liberdade. E depois um peido tipo bufa, que eu nem tentei segurar, afinal de contas o que era um peidinho para quem já estava todo cagado.

Já o peido seguinte, foi do tipo que pesa. E me caguei pela quarta vez. Lembrei de um amigo que certa vez estava com tanta caganeira que resolveu botar modess na cueca, mas colocou as linhas adesivas viradas para cima e quando foi tirá-lo levou metade dos pelos do rabo junto. Mas era tarde demais para tal artifício absorvente. Tinha menstruado tanta merda que nem uma bomba de cisterna poderia me ajudar a limpar a sujeirada.

Finalmente cheguei ao aeroporto e saindo apressado com passos curtinhos, supliquei ao meu amigo que apanhasse minha mala no bagageiro do ônibus e a levasse ao sanitário do aeroporto para que eu pudesse trocar de roupas. Corri ao banheiro e entrando de boxe em boxe, constatei a falta de papel higiênico em todos os cinco. Olhei para cima e blasfemei: "Agora chega, né?"

Entrei no último, sem papel mesmo, e tirei a roupa toda para analisar minha situação (que conclui como sendo o fundo do poço ) e esperar pela minha salvação, com roupas limpinhas e cheirosinhas e com ela uma lufada de dignidade no meu dia.

Meu amigo entrou no banheiro com pressa, tinha feito o " check-in " e ia correndo tentar segurar o vôo . Jogou por cima do boxe o cartão de embarque e uma maleta de mão e saiu antes de qualquer protesto de minha parte . Ele tinha despachado a mala com roupas . Na mala de mão só tinha um pulôver de gola "V". A temperatura em Miami era de aproximadamente 35 graus.

Desesperado comecei a analisar quais de minhas roupas seriam, de algum modo, aproveitáveis. Minha cueca, joguei no lixo. A camisa era história. As calças estavam deploráveis e assim como minhas meias, mudaram de cor tingidas pela merda. Meus sapatos estavam nota 3, numa escala de 1 a 10. Teria que improvisar. A invenção é mãe da necessidade, então transformei uma simples privada em uma magnifica máquina de lavar. Virei a calça do lado avesso, segurei-a pela barra, e mergulhei a parte atingida na água. Comecei a dar descarga até que o grosso da merda se desprendeu. Estava pronto para embarcar.

Saí do banheiro e atravessei o aeroporto em direção ao portão de embarque trajando sapatos sem meias, as calcas do lado avesso e molhadas da cintura ao joelho (não exatamente limpas) e o pulôver gola "V", sem camisa. Mas caminhava com a dignidade de um lorde. Embarquei no avião, onde todos os passageiros estavam esperando " O RAPAZ QUE ESTAVA NO BANHEIRO" e atravessei todo o corredor até o meu assento, ao lado do meu amigo que sorria.

A aeromoça aproximou-se e perguntou se precisava de algo. Eu cheguei a pensar em pedir 120 toalhinhas perfumadas para disfarçar o cheiro de fossa transbordante e uma gilete para cortar os pulsos, mas decidi não pedir: " Nada, obrigado. Eu só queria esquecer este dia de merda!!!"

Autor: Luiz Fernando Veríssimo
 
Nota: Quem já passou por algo parecido?
 
Enéias Teles Borges

terça-feira, 21 de dezembro de 2010

Dinossauros: herbívoros ou carnívoros?

Dinossauros conhecidos como carnívoros ferozes eram herbívoros

A maior parte dos dinossauros terópodes, exceto pelo Tiranossauro Rex e pelo Velociráptor, era herbívora e não carnívora, como se acreditava, revelam paleontólogos americanos nesta segunda-feira. Lindsay Zanno e Peter Makovicky, do Field Museum de Chicago, concluíram com base em análises estatísticas que o regime alimentar de 90 espécies de dinossauros terópodes era constituído por plantas. Estes resultados contradizem a visão comum entre os paleontólogos de que quase todos os dinossauros terópodes caçavam para se alimentar, especialmente os antepassados mais próximos das aves.

"Grande parte dos terópodes estava claramente adaptada a uma vida de predador mas, em certo momento da evolução até as aves, estes dinossauros se tornaram herbívoros", explicou Lindsay Zanno. Os dois pesquisadores encontraram cerca de meia dúzia de traços anatômicos que, estatisticamente, ligam a maior parte dos terópodes ao comportamento herbívoro, incluindo um bico desprovido de dentes.

"Após ter estabelecido uma relação entre certas evoluções anatômicas destes dinossauros e provas diretas de hábitos alimentares, buscamos quais outras espécies de terópodes compartilhavam os mesmos traços", assinalou a paleontóloga, cujos trabalhos aparecem nos Anais da Academia Nacional de Ciências.
"Desta maneira, pudemos determinar os herbívoros e os carnívoros".

Aplicando esta análise, os pesquisadores determinaram que 44% dos terópodes, distribuídos em seis grandes linhagens, eram herbívoros.


Nota: Os cientistas tentam avançar, mas a cada dia precisam recuar em alguns pontos. Faz parte do saber admitir mudanças, mas isso tudo traz um pouco de insegurança. Que certeza temos hoje do que virá amanhã? Será mantido o que se sabe hoje?

Enéias Teles Borges

quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

Ciência do sex appeal

Quer saber a diferença entre homens e mulheres? O que fazem para chamar a atenção? O que os homens buscam nas mulheres? O que as mulheres buscam nos homens?

Não deixe de ver o vídeo, seguindo link: Universo Online.

Enéias Teles Borges

terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Aborto no contexto político

O assunto aborto vai e volta com novas nuances. Minha postura é definida. Sou contra o aborto, salvo nas condições previstas em Lei.

Cabral: Quem não teve 'namoradinha' que já fez aborto?

O governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral (PMDB), fez um comentário polêmico hoje ao falar sobre o aborto a empresários em São Paulo. Ele questionou os presentes sobre quem já teria recorrido ao procedimento por conta de uma gravidez indesejada de uma namorada. "Quem aqui não teve uma namoradinha que teve de abortar?", perguntou Cabral, ressaltando, em seguida, que esse não era o caso dele. "Fiz vasectomia e sou muito bem casado", disse, durante o Exame Fórum - Rio de Janeiro - Oportunidades de Investimentos e Negócios.

"Me refiro a diversas pessoas que tiveram namoradas que engravidaram e que foram abortar em clínicas clandestinas", afirmou o peemedebista, ao ser questionado por jornalistas. "Isso é a vida como ela é. Só que o sujeito que é de classe média alta tem uma clínica de aborto clandestina em melhores situações, mas mesmo essa não passa por nenhum controle de vigilância sanitária, médica. As autoridades médicas não têm no seu prontuário: 'Fui visitar a clínica de aborto da Rua Dona Mariana, por exemplo'", afirmou.

"O que eu quero dizer é que há uma hipocrisia no Brasil. Esse tema foi muito mal discutido na campanha eleitoral. As pessoas já conhecem minha opinião", afirmou ele, para então repetir o discurso da presidente eleita, Dilma Rousseff, sobre o aborto durante a campanha eleitoral.

"Ninguém é a favor do aborto. Você é a favor do direito da mulher recorrer no serviço público de saúde a uma interrupção de gravidez. Imagina, quem é a favor do aborto? Ninguém é a favor do aborto, não imagino que tenha uma mulher e um homem no mundo favorável ao aborto", afirmou. "Mas uma coisa é uma mulher, por alguma necessidade, física ou psicológica, psiquiátrica, orgânica, desejar interromper uma gravidez."

Legislação

Cabral disse ser favorável a uma revisão na legislação para ampliar os casos em que o aborto é permitido. Na avaliação dele, as mulheres precisam ser ouvidas e devem participar ativamente do debate. Pela lei atual, o aborto só pode ser feito por mulheres que engravidaram por meio de estupro ou quando a gravidez oferece risco de morte à mãe. "Vamos discutir com a classe médica e as mulheres. Mas tem de ser ampliado. Do jeito que está, está errado, falso, mentiroso, hipócrita. Isso é uma vergonha para o Brasil", avaliou.

O governador do Rio citou exemplos de países em que a religião também possui peso, mas que têm uma legislação mais flexível, como Espanha, Portugal, Itália, França, Estados Unidos e Reino Unido. "Será que esses países gostam menos da vida do que nós? Será que o povo inglês, francês, italiano, português, gosta menos da vida do que o povo brasileiro. Esse é o ponto."

Polêmica

Não é a primeira vez que Cabral entra em polêmica ao falar sobre o tema. Em 2007 ele defendeu a legalização do aborto como uma forma de reduzir a violência. Na época, citou uma pesquisa da década de 1970 que relacionava taxas de natalidade, pobreza e violência.

"Hoje, no Rio, em áreas mais nobres, como na Tijuca, se encontram taxas de natalidade de países civilizados, desenvolvidos, onde as pessoas têm consciência. Infelizmente, nas comunidades mais carentes daqui, as mulheres não têm orientação do governo sobre planejamento familiar e têm taxas equivalentes aos países mais atrasados da África. Tem tudo a ver com violência. Isso é uma fábrica de produzir marginal", declarou, na época.

Enéias Teles Borges

Criacionismo: em seis dias...

Este é um livro que, desde há cerca de 10 anos, estava sendo traduzido e editorado para ser impresso na primeira ocasião em que a SCB dispusesse de recursos suficientes para a sua publicação. Seu autor é o Dr. John F. Ashton, criacionista australiano com quem os Editores mantiveram contato em congresso realizado na Austrália no ano 2000, e que gentilmente concedeu à SCB os direitos autorais para a publicação desse seu livro.

A tradução para o Português deste livro de autoria de John F. Ashton, originalmente publicado na Austrália em Inglês, foi efetuada pela Profa. Ieda C. Tetzke, e a revisão final procedida por uma equipe coordenada pela Sociedade Criacionista Brasileira, contando com a colaboração técnica dos Professores Mestres e Doutores Eduardo Ferreira Lütz, Nahor Neves de Souza Júnior, Queila de Souza Garcia, Tarcísio da Silva Vieira, Urias Echterhoff Takatohi e Wellington dos Santos Silva. A todas essas pessoas a SCB apresenta seus agradecimentos pela preciosa colaboração.

Foram inseridas nesta edição do livro várias ilustrações pertinentes, e sem dúvida ele será de leitura agradável e muito interessante por narrar a experiência pessoal de 50 cientistas que aceitaram a Criação da forma como ela é apresentada na Bíblia.

Por que alguns homens de ciência, muito bem preparados, ainda acreditam na Criação? Por que preferiram não acreditar na evolução darwinista ou mesmo na evolução teísta, na qual uma inteligência todo-poderosa é vista como direcionando os processos evolutivos? Poderiam cientistas acreditar que a vida na Terra tem provavelmente menos de 10.000 anos de idade? Como eles lidariam com as evidências do registro fóssil e as eras sugeridas pela datação radiométrica de rochas que contariam milhões ou bilhões de anos?

Os ensaios apresentados nesse livro levantam questões que são debatidas acaloradamente entre cientistas e educadores, e oferecem uma perspectiva diferente em nossa abordagem para a educação científica. No livro, 50 cientistas explicam suas razões para a escolha dessa perspectiva criacionista. Todos eles têm doutorado obtido em universidades públicas de prestígio na Austrália, EUA, Reino Unido, Canadá, África do Sul ou Alemanha. São professores universitários e pesquisadores, geólogos, zoólogos, biólogos, botânicos, físicos, químicos, matemáticos, pesquisadores biomédicos e engenheiros.

Pela primeira vez todas essas áreas estão sendo cobertas simultaneamente em uma só publicação com os testemunhos pessoais de cientistas criacionistas.
 
 
Enéias Teles Borges

segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

O salário do professor e a qualidade do ensino

O que surte melhor efeito no Brasil: melhor salário para o professor ou a classe com menos alunos?

O PISA (Programa Internacional de Avaliação de Estudantes) 2009, divulgado na semana passada pela OCDE (Organização para a Cooperação Econômica Europeia), chegou à conclusão, depois da análise dos resultados, que sistemas considerados de sucesso gastam muito dinheiro em educação e tendem a priorizar o salário docente à formação de classes menores.

Nota: É triste comprovar que uma das profissões mais importantes do mundo não é remunerada na mesma proporção de sua importância. Quando o Brasil outorgará valores aos que mais merecem?

Notícia completa: Universo Online.

Enéias Teles Borges

sábado, 11 de dezembro de 2010

Prisão de um falso pastor...

Existem falsos pastores, que conduzem os fiéis rumo ao abismo. Existem falsos pastores cujas obras deveriam conduzi-los à aplicação, pela Justiça, do artigo 171 do Código Penal Brasileiro, que trata do estelionato. A imprensa registra, afinal, um caso em que o estelionatário da fé foi alcançado pelas longas mãos da Lei... (Enéias Teles Borges)

Falso pastor que fundou mais de 140 igrejas pelo Brasil é preso em São Borja (RS)

Um total de 146 igrejas evangélicas fundadas até 2007, um veículo furtado e um volume ainda não contabilizado de bens e dinheiro arrecadados em golpes. Essa é a ficha criminal resumida de Sabino Saldanha, 51, que seria natural de Soledade (RS). A Polícia Federal e a Brigada Militar de São Borja (560 km de Porto Alegre) ainda não conseguiram checar de qual cidade, afinal, é o suspeito de estelionato, já que ao menos quatro carteiras de identidade falsas foram encontradas no momento da prisão em flagrante.

Saldanha – que, em São Borja, se apresentava como pastor Laércio Alves da Silva– foi preso na noite de quinta (9) no município gaúcho. A prisão aconteceu em um galpão onde ele se preparava para ministrar aulas e após dias de monitoramento de suas atividades. O falso pastor foi encaminhado ao presídio estadual de São Borja.

A prisão foi efetuada pela Brigada Militar. Segundo o chefe do setor de Inteligência da corporação, sargento Gibi Coski, o falso pastor foi encontrado graças a uma denúncia anônima. “A partir daí, começamos a pesquisar na internet e vimos que ele tinha mandados de busca no Tocantins, em Rondônia e em São Paulo."

A busca online ainda auxiliou a Brigada em mais duas descobertas: a de um veículo Gol encontrado no galpão onde aconteceu o flagrante –o carro, segundo a polícia, consta como furtado no Paraná– e de vários documentos das igrejas que foram fundadas por ele.

“Pelo que apuramos até o momento, os mandados eram de três Estados, mas ele teve problemas de apropriação indébita e estelionato também no Distrito Federal, Paraná, Rio de Janeiro, Goiás e São Paulo. Não param de ligar pessoas que foram fiadoras dele nesses Estados e que tomaram calote”, contou o policial.

Os golpes variavam do requerimento de doação de áreas para construção de igrejas e de centros de recuperação de dependentes químicos, que nunca foram construídos, a bingos e outros tipos de captação para projetos. As terras doadas, por exemplo, eram vendidas sem qualquer interesse assistencial. A PF confirmou que um inquérito para apurar os crimes foi instaurado.

terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Reforma do Código de Processo Penal

Veja alguns dos principais pontos da reforma:

Juiz de garantias

Uma das novidades da CPP é a criação da figura do juiz de garantias, que atuará somente na fase da investigação do inquérito, com objetivo de controlar a legalidade da ação da Polícia Judiciária e a garantia dos direitos do investigado. Atualmente, o mesmo juiz que trabalha na fase de investigação é o que dá a sentença em primeira instância.

Embargo declaratório

Uma medida implantada para acelerar a tramitação processual é a redução do número de recursos. O CPP limita a apenas um o embargo declaratório em cada instância. O que ocorre hoje é que não há nenhuma restrição contra a apresentação sucessiva desse tipo de recurso, o que pode prorrogar o processo até a sua prescrição.

Aceleração Processual

Casagrande instituiu no CPP que o prazo máximo para realização da audiência de instrução e julgamento passasse dos atuais 60 dias para 90 dias, para adequá-lo aos prazos máximos da prisão preventiva.

Segundo o relator, a adoção do "Incidente de Aceleração Processual" implicaria que, esgotado o prazo máximo para a audiência de instrução e julgamento, o magistrado determine que atos processuais sejam praticados em domingos, feriados, férias e recessos forenses, inclusive fora dos horários de expediente.

Sequestro de bens

O CPP também cria a figura do “administrador judicial” de bens sequestrados e de bens declarados indisponíveis e ainda permitirá que o acusado apresente caução para levantar o sequestro de um bem, além de proibir que bens declarados indisponíveis sejam dados em garantia de dívida, sem prévia autorização judicial.

Modelo acusatório

O projeto define o processo penal de tipo acusatório como aquele que proíbe o juiz de substituir o Ministério Público na função de acusar e de levantar provas que corroborem os fatos narrados na denúncia.

Na investigação criminal, fica garantido o sigilo necessário à elucidação do fato e a preservação da intimidade e da vida privada da vítima, das testemunhas e do investigado, inclusive a exposição dessas pessoas aos meios de comunicação.

Inquérito policial

Outra mudança é com relação ao inquérito policial, que deverá passar a ser comunicado imediatamente ao Ministério Público. O intuito é que seja acompanhado mais de perto pelo MP, permitindo a maior aproximação entre a polícia e o órgão de acusação.

Ação Penal

O texto acaba com a ação penal privativa do ofendido. O processo passa a ser iniciado por ação pública, condicionada à representação do ofendido, e pode ser extinta com a retratação da vítima, desde que feita até o oferecimento da denúncia.

Atualmente, a ação é prevista nos crimes contra a honra, de esbulho possessório de propriedade particular, de dano, fraude à execução, exercício arbitrário das próprias razões, entre outras infrações penais. O texto permite, inclusive, a extinção da ação por meio de acordo entre vítima e autor, nas infrações com consequência de menor gravidade.

Interrogatório

O interrogatório passa a ser tratado como meio de defesa e não mais de prova. Assim, passa a ser um direito do investigado ou do acusado que, antes do interrogatório, deverá ser informado do inteiro teor dos fatos a ele imputados e reunir-se em local reservado com seu defensor.

Além disso, a autoridade responsável pelo interrogatório não poderá oferecer qualquer vantagem ao interrogado em troca de uma confissão, se não tiver amparo legal para fazê-lo.

Passa a ser permitido também o interrogatório do réu preso por videoconferência, em caso de prevenir risco à segurança pública ou viabilizar a participação do réu doente ou por qualquer outro motivo.

Tratamento à vítima

O projeto prevê tratamento digno à vítima, o que inclui ser comunicada pelas autoridades sobre: a prisão ou soltura do suposto autor do crime; a conclusão do inquérito policial e do oferecimento da denúncia; o arquivamento da investigação e a condenação ou absolvição do acusado.

A vítima também poderá obter cópias e peças do inquérito e do processo penal, desde que não estejam sob sigilo. Poderá ainda prestar declarações em dia diferente do estipulado para a o autor do crime e aguardar em local separado dele. Será permitido à vítima ser ouvida antes das testemunhas e a solicitação à autoridade pública informações a respeito do andamento e do desfecho da investigação ou do processo, bem como manifestar as suas opiniões.

Escutas telefônicas

Só serão autorizadas em casos de crime cuja pena seja superior a dois anos, com exceção de se tratar de crime de formação de quadrilha.

Em geral, o prazo de duração da interceptação não deve ultrapassar o período de dois meses, mas poderá chegar a um ano ou mais, quando se referir a crime permanente.

Júri

Diferentemente do código em vigor, o novo CPP permitirá que os jurados conversem uns com outros, exceto durante a instrução e os debates. No entanto, o voto de cada jurado continua sendo secreto e feito por meio de cédula.

Fiança

O projeto aumenta o valor da fiança de um a cem salários mínimos para um a 200 salários mínimos nas infrações penais cujo limite máximo da pena privativa de liberdade fixada seja igual ou superior a oito anos. Nas demais infrações penais, o valor fixado continua de um a cem salários mínimos.

Outras medidas cautelares

O projeto lista ainda 15 tipos de medidas cautelares, para que o juiz tenha alternativas na condenação. São elas: a prisão provisória; a fiança; o recolhimento domiciliar; o monitoramento eletrônico; a suspensão do exercício da profissão, atividade econômica ou função pública; a suspensão das atividades de pessoa jurídica; a proibição de frequentar determinados lugares; a suspensão da habilitação para dirigir veículo automotor, embarcação ou aeronave; o afastamento do lar ou outro local de convivência com a vítima; a proibição de ausentar-se da comarca ou do país; o comparecimento periódico ao juiz; a proibição de se aproximar ou manter contato com pessoa determinada; a suspensão do registro de arma de fogo e da autorização para porte; a suspensão do poder familiar; o bloqueio de internet e a liberdade provisória.

Prisão especial

O projeto acaba com a prisão especial para quem tem curso superior. Só valerá em caso de proteção da integridade física e psíquica do prisioneiro que estiver em risco de ações de retaliação.

Novas regras para prisões

A prisão provisória fica limitada a três modalidades: flagrante, preventiva e temporária.

Outra novidade no projeto é a determinação de que não haja emprego de força bem como a utilização de algemas, apenas em caso de resistência ou de tentativa de fuga do preso.

O novo CPP prevê como nulo o flagrante preparado, “com ou sem a colaboração de terceiros, quando seja razoável supor que a ação, impossível de ser consumada, só ocorreu em virtude daquela provocação”.

Para a prisão preventiva, o texto conta com três regras: jamais será utilizada como forma de antecipação da pena; a gravidade do fato ou o clamor público não justifica, por si só, a decretação da prisão preventiva; e só será imposta se outras medidas cautelares pessoais forem inadequadas ou insuficientes.

A prisão preventiva não poderá ultrapassar 180 dias, se decretada no curso da investigação ou antes da sentença condenatória recorrível; ou de 360 dias, se decretada ou prorrogada por ocasião da sentença condenatória recorrível. Esses períodos poderão sofrer prorrogação, mas vale destacar que o juiz, ao decretar ou prorrogar prisão preventiva, já deverá, logo de início, indicar o prazo de duração da medida.

A prisão preventiva que exceder a 90 dias será obrigatoriamente reexaminada pelo juiz ou tribunal competente. O CPP, em vigor, não estipula prazos para a prisão preventiva. Contudo, a jurisprudência tem fixado em 81 dias o prazo até o final da instrução criminal.

Nos casos de prisão temporária, os prazos continuam os mesmos: máximo de cinco dias, admitida uma única prorrogação, por igual período, em caso de extrema e comprovada necessidade. No entanto, a novidade é que o juiz poderá condicionar a duração da prisão temporária ao tempo estritamente necessário para a realização da investigação.

Leia mais em Universo Online
 
Nota: Não está perfeito, mas houve grande avanço. Tudo que promova mais equilíbrio e celeridade processual é bem-vindo.
 
Enéias Teles Borges

segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

Nova bactéria: forma primitiva de vida?

A astrobióloga do Centro Goddard, da Nasa, Pamela G. Conrad, acredita que a nova forma de vida descoberta por cientistas americanos pode ser uma espécie de vida primitiva, uma das primeiras "tentativas" para os seres vivos que se desenvolveram depois. Pamela esteve presente no anúncio oficial da descoberta, na quinta-feira, na sede da Nasa. Em entrevista ao Terra, a astrobióloga afirma que nas primeiras biomoléculas, tanto o DNA quando outras moléculas básicas dos seres vivos, podem ter "experimentado" diversos elementos químicos para sua formação básica.

"Por exemplo, o composto de arsênio não é apenas o metal arsênio, mas é arsênio com oxigênio. Chamamos de arseniato. É muito menos estável quimicamente do que o típico grupo de elementos químicos que se encontra no DNA, chamado fosfato. Portanto, é possível que tenhamos começado por fazer biomoléculas com elementos químicos instáveis como o arseniato e outros. Mas, conforme as moléculas foram aleatoriamente formadas, se degeneraram, e foram novamente formadas, aquelas com elementos mais estáveis foram as que persistiram. Assim, é possível que este micro-organismo seja uma molécula mais primitiva. Mas pode ser uma de muitas", disse a pesquisadora.

A bactéria descoberta pelos pesquisadores é considerada diferente de todos os demais seres vivos conhecidos. Carbono, hidrogênio, nitrogênio, oxigênio, fósforo e enxofre são os seis elementos básicos de todas as formas de vida na Terra. Fósforo é parte da estrutura do DNA e do RNA, as estruturas que transportam as instruções genéticas da vida e é considerado um elemento essencial para todas as células vivas. A bactéria encontrada tem no lugar do fósforo o arsênio, um elemento químico tóxico para os demais seres vivos.

Importante ler todo o texto em Terra Ciência.

Nota: Não poderemos, nunca, lutar contra os fatos. Os fatos apontam para a verdade. Nem sempre a verdade coadunará com crenças. Precisamos aceitar os eventos que surgem diante de nós. A verdade não teme investigação. A verdade poderá, no final, ser muito diferente do que imaginamos. Pode ser, também, diferente do que queremos. Reitero: não adianta lutar contra os fatos. Aguardemos mais um pouco e saberemos se estamos diante de uma "descoberta gigantesca"...

Enéias Teles Borges

sábado, 4 de dezembro de 2010

Kaká e a igreja Renascer...

Kaká e sua esposa Caroline Celico não são mais seguidores da Renascer. A Igreja confirmou neste sábado o desligamento do casal, mas não revelou o motivo. Na última sexta-feira, os dois receberam a última bênção como fiéis.

De acordo com a assessoria de imprensa da Renascer, eles continuam amigos e não houve briga ou qualquer desentendimento entre o jogador do Real Madrid e o casal fundador Estevam e Sonia Hernandes.

Em outubro, a coluna Zapping já trazia a informação de que os dois se distanciaram da Igreja e estariam prestes a sair por descontentamento com a administração.

De acordo com a publicação, em agosto, uma parte do teto da sede da Renascer na Mooca (zona leste) desabou e Kaká teria consultado um perito e constatado a negligência. Em janeiro de 2009, o teto de um templo no Cambuci (zona sul) também caiu, dessa vez com vítimas fatais, sendo nove mortos e 106 feridos.

Estevam e Sonia Hernandes causaram polêmica por se envolverem em problemas com a Justiça. Em dezembro do ano passado, a Justiça Federal condenou o casal a quatro anos de reclusão por evasão de divisas.

O crime havia acontecido ainda em 2007 quando os dois foram detidos no aeroporto de Miami com US$ 56,4 mil escondidos na bagagem, incluindo uma bíblia. Em seguida, eles foram condenados pela Justiça Americana por dois crimes: contrabando de dinheiro e conspiração para contrabando de dinheiro.

(Uol)

Nota: Sempre considerei o jogador Kaká um bom garoto e de excelente índole. Acredito que a saída dele desta agremiação lhe fará bem. a imagem da igreja Renascer em Cristo anda desgastada. Ficar perto pode sugerir teloerãncia, cumplicidade...

Enéias Teles Borges

sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

Datena e a ofensa aos ateus

MPF quer que Band se retrate por ofensas de Datena contra ateus

O MPF (Ministério Público Federal) entrou com ação civil pública da Justiça para obrigar a TV Bandeirantes a exibir durante o programa Brasil Urgente uma retratação pelas declarações ofensivas do apresentador José Luiz Datena contra os ateus.

Durante a exibição de uma reportagem, no dia 27 de julho, Datena e o repórter Márcio Campos relacionaram o crime com pessoas que não acreditam em Deus. “...porque o sujeito que é ateu, na minha modesta opinião, não tem limites, é por isso que a gente vê esses crimes aí”.

Além disso, o apresentador atribuiu os males do mundo aos ateus. “É por isso que o mundo está essa porcaria. Guerra, peste, fome e tudo mais, entendeu? São os caras do mal. Se bem que tem ateu que não é do mal, mas, é ..., o sujeito que não respeita os limites de Deus, é porque não sei, não respeita limite nenhum”, disse.

Em todo o tempo em que a matéria ficou no ar, o apresentador associava aos ateus a ideia de que só quem não acreditava em Deus poderia ser capaz de cometer crimes. Datena ainda debochou dos telespectadores que assistiam ao programa: “Quem é ateu pode desligar a televisão, ou mudar de canal pois eu não faço questão nenhuma de que assistam o meu programa”.

O programa ainda realizou uma pesquisa interativa para saber a opinião da audiência sobre a relação entre violência e ateísmo. Diante de um grande de ligações que não concordavam com a tese do apresentador, Datena disse: “Muitos bandidos devem estar votando do outro lado".

Para o Procurador Regional dos Direitos do Cidadão Jefferson Aparecido Dias, autor da ação, ao veicular as declarações preconceituosas contra pessoas que não compartilham o mesmo modo de pensar do apresentador, a emissora descumpriu a finalidade educativa e informativa, com respeito aos valores éticos e sociais da pessoa, prestou um desserviço para a comunicação social, uma vez que encoraja a atuação de grupos radicais de perseguição de minorias, podendo, inclusive, aumentar a intolerância e a violência contra os ateus.

“Evidentemente, houve atitudes extremamente preconceituosas uma vez que as declarações do apresentador e do repórter ofenderam a honra e a imagem das pessoas ateias. O apresentador e o repórter ironizaram, inferiorizaram, imputaram crimes, 'responsabilizaram' os ateus por todas as 'desgraças do mundo'”, afirma o procurador.

O procurador ainda ressalta que todos têm direito a receber informações verídicas, não importando raça, credo ou convicção político-filosófica, tendo em vista que grande parte da sociedade forma suas convicções com base nas informações veiculadas em programas de rádio e televisão.

Pedidos

Na ação, o MPF pede ainda que a emissora apresente um quadro com esclarecimentos à população sobre a diversidade religiosa e da liberdade de consciência e de crença no Brasil, com duração de no mínimo o dobro do tempo usado para exibição das mensagens ofensivas. Segundo o MPF, Datena criticou os ateus durante mais de 50 minutos.

A Procuradoria quer ainda que a União, através da Secretaria de Comunicação Eletrônica do Ministério das Comunicações, seja obrigada a fiscalizar o programa.


Nota: Eu fiquei decepcionado com o Datena, pessoa que me parecia possuir mente arejada, no que tange às escolhas religiosas ou ausência de religiosidade. Espero que a Justiça promova o equilíbrio e o direito de culto ou, no caso dos ateus, a opção por não cultuar. Posicionamentos como este, do Datena, atrapalham mais do que ajuda...

Enéias Teles Borges